quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Senhor tem sido o seu pastor?



O rei Davi escreveu, há cerca de 3000 anos, por inspiração divina, a famosa poesia que conhecemos como Salmo 23. Utilizando-se de alegorias do dia-a-dia pastoril, afinal, o rei Davi, havia sido pastor de ovelhas, é nos apresentado uma profunda espiritualidade.
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias.
Já nos primeiros versos nós encontramos uma descrição da confiança que Davi depositava na pessoa de Deus, Davi era a ovelha; Deus, o Senhor, era o seu pastor. Assim como uma ovelha depende de seu pastor para viver, Davi submissamente confiava na providência de Deus. Ele sabia que não sentiria falta de nada em sua vida. Essa confiança na provisão divina se estendia em todas as faces de sua vida. Seja nas necessidades físicas, como comida ou moradia, seja nas questões psicológicas, alegria ou paz. Para o rei Davi, até o seu repouso e descanso vinham do Senhor, para ele o refrigério, o alívio para a correria dos dias, era dado pelo próprio Deus. Até as veredas da justiça, o caminhar honesto da vida desse homem – que vivia segundo o coração de Deus – eram guiadas pelo Senhor.
“Será que você está disposto a ter uma vida de confiança no Senhor? Está disposto a viver segundo a providência de Deus? Lembre-se Davi era o servo, Deus, o Senhor. Como uma ovelha que depende de seu pastor, Davi está disposto a simplesmente confiar nos desígnios e nas direções de Deus, que sabe os melhores e mais seguros lugares para encaminhar nossa vida. Confie nas ordens que Deus nos dá através de sua palavra, a Bíblia Sagrada, sabendo que ele nos protegerá.”
Avançando um pouco, no verso 4, o Rei Davi destaca que a segurança nas diversas situações da vida viam da presença de Deus. Afirmando que o bordão e o cajado de Deus serviam de proteção para sua vida, Davi não temia nenhum mal, pois ele sabia que vivendo em obediência, Deus o protegeria. É claro que Deus não anda com uma vara e um cajado em suas mãos, nesse verso Davi novamente usa uma figura de sua experiência como pastor de ovelhas, afirmando que a disciplina de Deus, representada pela vara ou o bordão, serve para o seu bem. Em Hb 12;6 a Palavra diz “…porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.”, ou seja, Deus como um pai amoroso ou mesmo como um pastor cuidadoso, usa a vara, o açoite, para nos guiar pelos caminhos melhores. Outra afirmação interessante é que mesmo quando as situações da vida fossem ruis ao ponto da morte rodear o caminho da sua vida, ele não temeria, afinal, a mão de Deus o guardaria, o cajado de Deus manteria longe as adversidades que pudessem ameaçá-lo realmente.
“Será que você está disposto a seguir obedientemente as direções divinas? Ou você age como um animal empacado, teimoso que precisa ser bastante açoitado para ser obediente?”
Já no verso 5 do Salmo 23, o Rei Davi pede que o Senhor prepare uma mesa para ele. Aqui a idéia apresentada no texto nos faz pensar em um banquete, uma festa prepara por Deus a Davi. Quando preparamos um almoço ou um jantar para alguém é porque queremos honrá-lo, ninguém paga a conta do almoço de alguém de quem não gosta. Nessa parte do texto, Davi quer se agradado por Deus, ele quer ser honrado por Deus, a festa que vale a pena para ele é aquela promovida pelo Senhor.
“Será que você está buscando agradar a Deus ou a outras pessoas, para você que honra é a melhor, os títulos e as premiações ganhas ou o valor que vem de Deus?”
No último verso desta linda poesia de louvor e adoração que o rei Davi escreveu inspirado pelo Espírito de Deus, ele nos apresenta a certeza das dádivas do Senhor em sua vida. Para Davi era certo que a bondade e a misericórdia estariam presentes em todos os dias de sua vida e que a casa de Deus seria o lugar aonde ele se sentiria seguro. O Rei Davi tinha certeza que mesmo em meio ao caos, ou correndo risco a vida, afinal Davi tinha adversários que inclusive tentaram matá-lo, ele sabia que Deus estava com ele e o protegia. Deus era bondoso e misericordioso para com ele, Davi sentia-se cuidado por Deus como uma ovelha nos braços amorosos de um pastor cuidadoso, por causa disto ele agia sempre com bondade e misericórdia ao ponto de tratá-las como companhia certa nas jornadas da sua vida. Jesus nos chama agir deste modo, amar ao próximo com o mesmo amor que recebemos de Deus, no Evangelho segundo Mateus, capitulo 6, Jesus fala de perdoar como temos sido perdoados, e que negar o perdão abre a possibilidade para, da mesma forma não recebermos perdão divino.
“O perdão ou a bondade e misericórdia tem sido constantes em sua vida? Eu não estou perguntando se a vida tem sido boa e misericordiosa com você, eu estou perguntando se você tem agido com bondade e misericórdia em sua vida? No seu caminhar bondade e misericórdia o tem acompanhado? Entretanto muito fazem o bem para serem vistos e reconhecimento pelo que fazem, querendo apenas ser honrados e aplaudidos, recebendo prêmios e cumprimentos das autoridades.”
Por fim muito querem que Deus os abençoe e faça que seus negócios ou sociedades sejam prósperas, mas poucos estão interessados em estar na presença de Deus, muitos querem as bênçãos de Deus, mas poucos querem o Deus das bênçãos.
“De que lado você está: dos que querem estar na casa de Deus, serem filhos e obedecerem ao Senhor, como Davi diz no final salmo ou dos que querem Deus na sua casa, como um talismã ou uma lâmpada mágica pronta para dar tudo o que você quiser? Afinal, na sua vida quem é o Senhor e quem é o servo? Quem é o pastor? Quem é a Ovelha? Você ou Deus?”

Vencendo os GIGANTES



1 SAMUEL 17:1-53
INTRODUÇÃO
1.Os vencedores de gigantes não nascem, eles são feitos – Nesse processo não existe sorte nem azar, mas confiança em Deus, determinação e muito trabalho. Thomas Alva Edson disse que nossas conquistas são resultado de 10% de inspiração e 90% de transpiração. Vencedores de gigantes não olham para os obstáculos, mas para as oportunidades. Estava coberto de razão Henry Ford: “Obstáculos são aquelas coisas tenebrosas que vemos quando desviamos os olhos de nossos objetivos”.
2.Os vencedores de gigantes são obcecados pela vitória – Quando Thomas Alva Edson inventou a lâmpada elétrica, fez mais de duas mil experiências antes de obter sucesso. Um jovem repórter perguntou-lhe como se sentia tendo fracassado tantas vezes. Ele respondeu: “Eu nunca fracassei. Inventei a lâmpada elétrica. Só que esse foi um processo de dois mil passos”. John Milton ficou cego com 44 anos. 16 anos depois, escreveu o clássico Paraíso Perdido. Ludwig Van Bethoven com 46 anos, após uma perda progressiva da audição, ficou totalmente surdo. Apesar disso, compôs a sua melhor música, inclusive 5 sinfonias, durante seus últimos anos. Alexander Graham Bell quando inventou o telefone em 1876 não impressionou muitos possíveis patrocinadores. Depois de dar um telefonema para demonstração, o presidente americano Rutherford Hayes disse: “É uma invenção surpreendente, mas quem iria querer usar um desses?”
3.Vencedores de gigantes identificam os gigantes que se colocam em seu caminho – Os gigantes existem. Eles estão espalhados por toda a parte. São numerosos e opulentos. Uns são reais, outros fictícios. Uns nos atacam por fora, outros por dentro. Muitos gigantes existem apenas em nossa imaginação. Nós os criamos e eles se tornam mais fortes do que nós. Fabricamo-los no laboratório do medo e eles se levantam como monstros para nos atormentar.
Quais são os seus gigantes?
1. Medo; 2. Ansiedade; 3. Crise financeira; 4. Depressão; 5. Solidão, Casamento ou Divórcio; ? 5. Vestibular; 6. Emprego; 7. Vícios; 8. Timidez; 9. Culpa; 10. Velhice; 11. A morte; 12. Eternidade?
4. 1 Samuel 17:1-53 fala sobre uma batalha de Israel contra os filisteus – Os dois exércitos se posicionaram em dois montes separados por um vale. De repente surge um gigante do lado filisteu. Era Golias. Tinha mais de 3 metros. Usava uma armadura de mais de 80 Kg. A ponta da sua lança pesava mais de 12 Kg. Ele desafiou os soldados de Saul. Todos ficaram com medo e fugiram. O gigante apareceu 40 dias, de manhã e à tarde e todas as vezes, os soldados de Israel se encolheram de medo. Então, aparace o jovem Davi. Era pastor de ovelhas. Mas inconformado com a insolência do gigante, resolveu enfrentá-lo. Apesar das críticas de seu irmão Eliabe, da descrença de Saul e da zombaria do próprio gigante, Davi venceu Golias e tornou-se um herói nacional. Este episódio nos ensina algumas impotantes lições:
I. A INSOLÊNCIA DOS GIGANTES QUE NOS DESAFIAM – V. 4-7,10,11,16
1. Diante da ameaça dos gigantes, o ânimo do povo se abate- v. 11
Os soldados de Saul ficaram aterrados de medo. Eles foram derrotados pelo medo antes mesmo de fugirem de Golias. Tudo o que viam pela frente era o vexame de uma derrota inescapável. Sempre que supervalorizamos o poder dos gigantes também fugimos. Talvez você está na estrada da fuga por muito tempo: acorda de manhã, ajunta seus exércitos, toca a trombeta, põe a farda, empunha as armas e enfileira-se para a batalha, mas quando ouve a voz do gigante, treme dos pés à cabeça e foge desesperado.
2. Os gigantes não apenas parecem ser imbatíveis, mas são também insolentes – v. 10
· Os gigantes nos afrontam e zombam da nossa força, da nossa fé e do nosso Deus. Eles não têm respeito pelas nossas convicções. Eles escarnecem da nossa religião. Eles não querem apenas nos humilhar, mas também banir Deus da nossa mente. Eles querem não apenas prevalecer contra nós, mas também contra o nosso Deus.
3. Os gigantes parecem ser inatingíveis – v. 5
· Golias trajava uma armadura cheia de escamas, por onde não penetrava espada. Ele usava caneleiras, capacete e um dardo no ombro e uma lança na mão. Além disso, um escudeiro ia à sua frente para lhe proteger. Os gigantes se escondem atrás de estruturas e esquemas impenetráveis. São humanamente inatingíveis. Eles têm escudo de bronze. Eles se abrigam debaixo da proteção da lei e se escondem sob o manto dos poderosos. Eles fazem as leis, são a lei, manipulam a lei e escapam dela. Eles escondem atrás de esquemas de corrupção e se instalam nas instituições e nos poderes constituídos. Muitas vezes, vestem-se de toga e assentam-se nos tribunais. Em vez de ser guardiões do povo, tornam-se dráculas sanguissedentos. Eles oprimem, mentem, corrompem, matam e escapam. Esses gigantes não caem pelas armas convencionais. Seus escudeiros os livram de todos os ataques.
4. Os gigantes são persistenes – v. 16
· Golias desafiou os exércitos de Israel 40 dias, duas vezes por dia. O moral dos soldados estava no chão. Estavam desacreditados aos seus próprios olhos. Tornaram-se colecionadores de fracassos. Acostumaram-se a fugir. Os gigantes podem tirar os seus olhos de Deus e roubar do seu coração o sonho da vitória.
5. Os gigantes precisam ser enfrentados e vencidos – v. 26
· Os gigantes estão em cada esquina. Eles pensam que são invencíveis. Eles revelam quem somos: covardes ou corajosos. A crise é assim: revela uns a abate outros; promove uns e derrota outros; desmascara os covardes e aponta os heróis. É do útero da crise que despontam os grndes vencedores. Tire os olhos dos gigantes. Coloque-os no Deus vivo e enfrente e vença os seus gigantes.
II. VENCEDORES DE GIGANTES NÃO OUVEM A VOZ DOS PESSIMISTAS – V. 4,8,10,11,24
Os pessimistas perdem a vida com medo de vivê-la – v. 24
Os pessimistas têm medo até da sombra. Eles têm medo da crise. Eles se satisfazem em encontrar boas justificavas para o seu fracasso, em vez de enfrentar o gigante e vencê-lo. Ilustração: o homem que vendia cachorros-quentes à beira da estrada.
1. No meio da orquestra do medo, ouve-se um clarinete de esperança – v. 26
· O clima no acampamento de Israel era de medo e desânimo. O rei estava com medo. O comandante Abner não dá notícia. Os soldados ainda estavam com as pernas bambas da última fuga. A derrota parecia inevitável. Nesse momento, surge o jovem pastor Davi e se dispõe a enfrentar o gigante. Davi não ouviu a voz dos pessimistas. Os vencedores de gigants distoam da maioria. A voz da multidão quase sempe infunde medo e conduz ao fracassso. Aqueles que nunca venceram um gigante vão dizer para você que que os gigantes são invencíveis. Fuja desses pessimistas inveterados.
Daniel e os israelitas do cativeiro babilônico (Salmo 137). Estão enfrentando as mesmas circunstâncias. Uns se assentam para chorar, para curtir a dor do passado e para desejar um holocausto de vingança contra os inimigos no futuro. Daniel se levanta para fazer diferença na vida do império babilônico. A Babilônia caiu e Daniel continou de pé.
2. Um vencedor de gigantes não olha para o seu passado como um obstáculo e sim como um desafio – v. 15
Davi não era um soldado, mas um pastor. Para Saul, Abner e os comandantes do exército ele ainda não estava qualificado para essa honrosa posição. Mas, ele não se abate. Um vencedor de gigantes, não olha o seu passado como um obstáculo, mas enxerga o seu futuro como um campo fértil de gloriosas realizações. Ilustração – Juscelino Kubitscheck filho de um caixeiro viajante e uma professora pública. Órfão de pai aos 3 anos. Foi estudar em BH. Sua cadeira era um caixote de tomate. Fez medicina. Fez especialização na França e Alemanha. Entrou na política. Foi Deputado Federal 2 vezes. Prefeito de BH e governador de MG. Foi eleito presidente do Brasil e governou de 1956 a 1961. Em 21 de Abril de 1960 inaugurou Brasília, a capital da República, no coração do serrado brasileiro. Ele venceu a crise, o seu gigante e tornou-se um ícone nacional.
III. VENCEDORES DE GIGANTES TRIUNFAM SOBRE AS CRÍTICAS – V. 28-30,33,42
1. Antes de Davi vencer o gigante Golias, venceu os seus críticos.
Eles são inimigos de plantão que nos espreitam a toda hora, mordendo-nos sem piedade. Estão dentro de casa, nas ruas, no trabalho, na escola, e até na igreja. Eliabe por inveja desprezou Davi. Saul por miopia subestimou Davi. Golias, por insolência zombou de Davi. Mas, Davi triunfou sobre todos eles.
As críticas podem nos machucar quando vêm de alguém que deveria estar do nosso lado – v. 28
· Eliabe era irmão de Davi. Era sangue do seu sangue. Como irmão mais velho viu Davi crescer e se despontar como músico. Conhecia seu caráter piedoso. Sabia que seu irmão tinha sido escolhido para ser rei em lugar de Saul. Mas Eliabe não se alegrou com o sucesso de Davi. A felicidade do seu irmão era a sua tristeza. O sucesso do seu irmão era o seu fracasso. Há pessoas que não conseguem celebrar a vitória dos outros. Entristecem-se sempre que alguém é promovido. Eliabe irritou-se com a coragem de Davi. A coragem de Davi era uma denúncia à sua covardia. Eliabe tinha pose, mas não fibra, tamanho, mas não caráter. Tinha cacoete de soldado, mas não a têmpera de um vencedor de gigantes.
As críticas podem nos machucar quando questionam as nossas motivações – v. 28
· Eliabe chamou Davi de presunçoso e maldoso. Mas nada mais longe da verdade. A verdadeira motivação de Davi em enfrentar o gigante era o seu zelo pela glória de Deus (v. 26b). Os críticos são especialistas em torcer a verdade. Eles se alimentam da mentira. Eles nos julgam como se fôssemos iguais a eles. Eles não crêem que possam existir pessoas com intensões puras. São pérfidos e destilam veneno em suas palavras. São como Satanás quando acusou Jó de ser um hipócrita interesseiro e não um homem fiel a Deus. Para Satanás Jó amava mais o dinheiro, os filhos e a vida do que a Deus. Mas Jó não era semelhante a Satanás. Ele tinha outro caráter, outros valores, outras motivações. Seu amor por Deus estava acima de todas as outras devoções. Eliabe não podia aceitar que Davi recebesse os louros daquela vitória. Ele era um soldado e guerreiro e Davi apenas um pastor. Os holofes deviam estar sobre ele e não sobre Davi.
As críticas podem nos machucar quando são contínuas – v. 29
Eliabe era um crítico inveterado, crônico. Ele não dava pausa. Estava sempre buscando uma ocasião para atingir Davi. Em vez de lutar pelos seus próprios sonhos, buscava destruir os sonhos do irmão. As virtudes de Davi incomodavam Eliabe. A resposta de Davi revelam a personalidade doentia de Eliabe: “Que fiz eu agora?”. Davi já estava acostumado com as palavras cheias de veneno de Eliabe. Vencedores de gigantes não se deixam abater. Eles se desviam desses críticos e não de seus sonhos (v. 30).
As críticas podem nos machucar quando demonstram ingratidão – v. 28
· O propósito de Davi de estar ali não era presunção. Ele estava ali por ordem do pai para trazer alimentos para Eliabe (v. 17) e ver como estava. A acusação feita a Davi era um desatino, uma inversão da verdade, uma clamorosa injustiça, uma consumada ingratidão. Ele estava buscando o bem dos irmãos (v. 22) e não motivado pela maldade. Eliabe está ferindo as próprias mãos que vieram para abençoá-lo. Vencedores de gigantes não dependem de elogios nem se abatem com as críticas.
As críticas podem nos machucar quando vêm cheias de descontrole emocional – v. 28
· Eliabe ascendeu a ira contra Davi. A ira descontrolada provoca grandes tragédias. Uma pessoa iracunda e sem domínio própria é um barril de pólvora. Aqueles que não controlam o temperamento não controlam a língua e quem não controla a língua podem provocar grandes tragédias. A língua movida por um coração irado é um fogo incontrolável, um veneno mortífero, um mundo de iniquidade. Vencedores de gigantes sempre incomodam os covardes. Suas vitórias são a derrota dos invejosos. Ilustração – A serpente e o vagalume: As três perguntas do vagalume.
As críticas podem nos machucar quando elas visam nos humilhar – v. 28
· Eliabe acrescentou à sua crítica um dado que revelou sua sórdida intenção de humilhar Davi: “Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto?”. Sua intenção era clara: afirmar que Davi não tinha cancha para ser soldado. Era apenas um insignificante e pobre pastor, com poucas ovelhas. As palavras eram carregadas de veneno. Eliabe deixava vasar seu complexo de inferioridade. Queria sentir-se bem, diminuindo Davi. Sentia-se maior, humilhando seu irmão. Vencedores de gigantes não depedem de elogios nem se desencorajam com as críticas. A grandeza de Davi não estava nas suas posses, mas no seu caráter, na sua coragem e no seu relacionamento com Deus.
As críticas podem nos machucar quando vêem de pessoas que não acreditam em nosso potencial – v. 33
· Saul subestimou a capacidade de Davi, dizendo: “Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele”. Um crítico é aquele que polui toda solução que você encontra. Os medrosos sempre vão transferir para nós o seu pessimismo. Eles tentam nivelar todas as pessoas à sua própria mediocridade. Saul viu em Davi 2 dificuldades: 1) A barreira da incapacidade – “Você não pode”. 2) A barreira da inexperiência ou idade – “pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade”.
· A Revista Time de 1986 publicou um artigo sobre homens sem perspectiva de futuro: 1) Bethoven; 2) Walt Disney; 3) Thomas Alva Edson; 4) Albert Eistein; 5) Luiz Pasteur; 6) Henry Ford.
IV. VENCEDORES DE GIGANTES NÃO USAM ARMAS ALHEIAS – V. 38-40
1. Seja autêntico, você é uma pessoa singular – v. 39
· A armadura de Saul não serve para Davi. Vestir roupa de rei sem ser rei não nos ajuda a vencer gigantes. A armadura de Saul em Davi era uma bagagem extra, um peso inútil, um verdadeiro estorvo. Por isso Davi disse: “Não posso andar com isto, pois nunca o usei.. E tirou aquilo de sobre si” (v. 39).
· A armadura de Saul era apenas uma máscara para Davi. Não adianta tentar ser quem você não é. As máscaras só podem nos esconder por um momento, mas elas caem nas horas mais inesperadas. Davi não tentou agradar o rei. Vencedores de gigantes não fazem média, não fingem, não são hipócritas. Não queira ser como os outros. Use as armas que Deus lhe deu e vença os gigantes.
2.Tenha coragem de ser diferente – v. 39
· Muitos líderes surgem no vácuo dos líderes que fracassam. Davi ousou ser diferente e fazer diferença. Ele trocou a armadura de Saul pela funda de pastor. Ele deixou o convencional para usar manejar uma arma inédita na guerra. Não use alguma coisa só porque todo mundo está usando. Não se iguale à maioria medíocre. Os vencedores não são unanimidade.
3. Especialize-se naquilo que você faz – v. 40
· Davi era um homem experimentado. Já tinha agarrado um leão pela barba e matado um urso (v. 34-37). John Maxwell disse que nós precisamos de vitórias não para celebrar, mas para nos elevar. Não importa o que você faça, faça-o com dedicação. Torne-se um especialista na sua área. Os medíocres não se esforçam, não trabalham arduamente, não se preparam, mas também não vencem os gigantes.
· Davi não era um aventureiro inconsequente. Ele não tinha apenas coragem, mas também preparo. Com uma funda e cinco pedras era mais eficaz que todo o exército de Saul. Ele apanhou 5 pedras, porque se a primeira falhasse, não pretendia recuar. A perseverança na luta é o distintivo dos campeões.
· O engenheiro Charles Steinmetz e a fábrica Ford em Dearborn em Michigan e os 10 mil dólares.
V. VENCEDORES DE GIGANTES SÃO DETERMIDADOS A VENCER – V. 48
1.Em vez de correr do inimigo, avance contra ele – v. 48
· Davi não andou para a linha de batalha, ele correu. Estava ansioso para ganhar, para vencer. Ele era um homem determinado a vencer, e venceu. Davi não esperou Golias atacá-lo. Ele era pró-ativo. Não era homem de retaguarda, mas de vanguarda. Não somos chamados para contar os inimigos, mas para vencê-los. Não somos convocamos para fugir dos gigantes, mas para derrubá-los.
2.Em vez de intimidar-se com as bravatas do inimigo, vença-o – v. 44-45
· Golias amaldiçoou Davi em nome de seus deuses, mas toda a maldição caiu sobre a sua própria cabeça. Em vezes de deuses de Golias tripudiarem contra Davi, foi o Deus de Davi, o Senhor dos Exércitos que se tornou conhecido em toda a terra (v. 45-46). Davi entendia que a guerra é do Senhor, que a vitória do Senhor e que a vitória deve ser dedicada ao Senhor.
· Não somos chamados a contar os inimigos, mas vencê-los em nome do Senhor dos Exércitos!
3. Em vez de temer a derrota, não se contente com nada menos que a vitória – v. 46
· Davi não fez nenhuma previsão nem provisão para a derrota. Seu lema era vencer ou vencer. Derrota era uma palavra que não existia em seu dicionário. Ilustração – Abraham Lincoln – Nascido em 12/02/1809 no estado de Kentuchy. Filho de lavradores. Perdeu a mãe muito cedo. A duras penas conseguiu estudar direito. Pedia livros emprestados. Lia às madrugadas. Foi eleito o décimo sexto presidente americano. Paladino da abolição. Comandou o país na guerra da seceção. Era um homem determinado a vencer: Aos 22 anos fracassou em seus negócios. Aos 23 anos foi derrotado para a Legislatura. Aos 25 anos foi eleito para a Legislatura. Aos 27 anos sofreu um calapso nervoso. Aos 29 anos foi derrotasdo para à presidência da câmara. Aos 31 anos foi derrotado no Colégio Eleitoral. Aos 39 anos foi derrotado na sua candidatura ao Congresso. Aos 46 anos foi derrotado para o Senado. Aos 47 anos foi derrotado na sua candidatura à Vice-Presidência. Aos 49 anos foi derrotado novamente para o Senado. Aos 51 anos foi eleito presidente dos Estados Unidos, e considerado o maior deles. Você não foi criado para ser um fracasso. Sua vocação é a vitória. Seja um vencedor de gigantes!
·Transforme a espada do inimigo em instrumento para a sua vitória mais consagradora. A espada de Golias era uma arma temida, mas Davi transformou essa espada no instrumento para a derrota do próprio Golias.
VI. VENCEDORES DE GIGANTES DEDICAM SUAS VITÓRIAS A DEUS – V. 37,45-47
1.Vencedores de gigantes depositam suas coroas aos pés do Senhor – v. 37,46,47
· Vencedores de gigantes sabem que a vitória vem de Deus. Eles lutam confiados em Deus e sabem que a força vem de Deus e a glória deve ser devolvida a Deus. Vencedores de gigantes não exaltam a si mesmos. Não buscam glórias para si mesmos. Eles não são soberbos. Eles buscam os holofotes nem são amantes das luzes da ribalta. Eles sabem que tudo provém de Deus. Que dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas.
2.Vencedores de gigantes encorajam outros a vencer – v. 52
· Bastou que os soldados medrosos de Saul vissem um lider em posição de combate e disposto a vencer, para que um novo ânimo tomasse conta de todos. Precisamos de modelos. Precisamos de referências. Precisamos de líderes que inspirem outros a sairem do comomodismo. Precisamos de pessoas que mexam com os nossos brios e nos desafiem a sair do marasmo. O verdadeiro líder é aquele que desperta outros a seguí-lo. Não há líderes solitários. Os líderes começam sozinhos, mas nunca terminam sozinhos. Atrás deles há um exército que se levanta da mediocridade e empunham as armas da vitória.
· Em 1 Sm 30:1-20 Davi passa por outra experiência semelhante.
· A olimpíada de crianças excepcionais em Seaton, nos Estados Unidos. A menina que parou para ajudar a concorrente. Todos os atletas deram as mãos e cruzaram a linha de chegada juntos. Davi não venceu sozinho. Ele encorajou os soldados de Davi a serem co-particicipantes de sua vitória.
CONCLUSÃO
· Ainda há gigantes para você vencer e vitórias para você celebrar. Ainda há pessoas desanimadas para você encorajar, ainda há oportunidades para você exaltar o nome de Deus. A luta continua. O jogo ainda não acabou.
· O jogo final do campeonato de futebol entre as Universidades da California e Georgia. Roy Rigels fracassou no primeiro tempo. O técnico lhe disse: “Coragem, o jogo não acabou. Volte a campo, lute e vença.” Ele voltou, virou o placar e conquistou retumbante vitória.
· Queridos irmãos, a luta continua, mas a vitória é certa. Você pode ser um vencedor de gigantes!

Cristãos não praticantes da palavra





Até o início de minha vida adulta eu ouvia falar de “católicos não praticantes”: em geral, indivíduos nascidos de pais católicos, batizados na igreja católica, que iam a uma missa aqui e outra ali, quando tinham de dizer sua religião se apresentavam como católicos… Mas que não faziam a menor ideia do que dizia a Bíblia, não sabiam nada de história da Igreja, não se comportavam segundo a ética cristã. Enfim, eram os “católicos nominais”. Hoje eu chego aos 40 anos de idade e sou obrigado a admitir que essa lepra contaminou os evangélicos. Sim, estamos cercados por todos os lados por evangélicos não praticantes, um fenômeno relativamente novo. “Os bíblias são pessoas sérias”, dizia-me meu avô, católico não praticante, quando eu era criança. Nos nossos dias eu temeria repetir as palavras do velho João Zágari. Pois os evangélicos nominais estão se alastrando numa velocidade crítica. E as redes sociais estão esfregando isso na nossa cara de modo inequívoco.
A grande diferença entre o católico não praticante e o evangélico não praticante está na freqüência às reuniões religiosas semanais: enquanto o católico não praticante vai vez por outra à missa, o evangélico não praticante vai todo domingo à igreja. E as diferenças param por aí. Pois o evangélico não praticante não lê a Bíblia. Simplesmente não lê! Passam-se sete dias na semana, ele pode ter 3 ou 4 bíblias de estudo em casa mas não toca nelas. E, como não lê, não sabe o que ela diz. Não a estuda. Se lê alguma literatura cristã é de autores água com açúcar, como Max Lucado, Augusto Cury (ele é crente, né?) e meia-dúzia de escritores brasileiros da moda. E isso entre a leitura de “A Cabana” e “Crepúsculo”.
A fé do evangélico não praticante é por tabela: forma suas crenças com base no que outros pregaram, cantaram, falaram. Por isso, fica assustadíssimo quando dizemos que a frase “não cai uma folha da árvore se Deus não deixar” não está nas Escrituras. Mas, curiosamente, acha que entende à beça de Bíblia e entra em profundas discussões teológicas como um jogador de futebol discutindo física quântica. Peita grandes teólogos e líderes religiosos com mais de 30 anos de estrada como se fossem acéfalas peças de museu sem contato com o mundo real. A verdade pertence ao evangélico não praticante.
Esse é um verbo muito presente nos lábios de um evangélico não praticante: “Achar”. Você entra em uma argumentação com ele sobre um tema bíblico e a resposta contém quase sempre esse verbo: “Ah, mas eu não acho que seja assim não”, justifica-se, com sua teologia de corredor de igreja. E quando você embasa seus argumentos em cinco ou seis passagens, em normas de hermenêutica, em princípios da exegese, ele desconversa e sai com um “Ah, mas eu já ouvi o pastor fulano dizer no blog dele que…” vira as costas e vai embora. Sempre “achando”, claro. Não tem jeito: o evangélico não praticante é um analfabeto bíblico: não se interessa por ler a Bíblia e monta sua forma de agir e de ser em cima de um achismo cristão absoluto.
O evangélico não praticante também não sabe nada de história da Igreja. Não entende a cronologia do Antigo Testamento, ignora fatos da Igreja primitiva, fala enormes bobagens sobre a “maldita igreja institucional”, questiona pontos elementares, que os patriarcas dos cinco primeiros séculos já responderam. Aí você explica, diz o que foi debatido nos concílios, conta como se deu a sistematização de certas praticas e doutrinas e…”Ah, mas eu não acho que seja bem assim”.
O evangélico não praticante tem opiniões próprias sobre aquilo que Deus deixa claro nas Escrituras. Como não as conhece, tem conhecimento sobre algumas informações soltas a respeito do Altíssimo e a partir delas formula toda sua doutrina de fé. O argumento predileto: Deus é amor! Então não me venham dizer que Deus é contra o divórcio, o namoro em jugo desigual ou mesmo falar uns palavrõezinhos, pois Ele ama todos e por isso não ia querer a infelicidade de seus filhos nem fica cerceando nossa liberdade! É a graça! É o amor! No achismo do evangélico não praticante Deus libera tudo pois… Ele é amor e, afinal, vivemos na dispensação da graça! Quando você explica a ele que havia graça no Antigo Testamento e Lei no Novo ele fica revoltado e logo solta um “Ah, não acho isso não”.
Para o evangélico não praticante, ira de Deus, justiça de Deus, ciúmes de Deus e a possibilidade do inferno são coisas muito estranhas, pois… Deus é amor! Deus é graça! E como acha que Deus é uma espécie de homem grandão com superpoderes, não consegue assimilar o conceito de um Deus incompreensível e inalcalçável à mente humana, de uma natureza tão diferente da nossa, tão mais elevada, sublime e misteriosa, que não dá – como Romanos 9 deixa tão claro – para compreendê-lo tendo o homem e seus valores antropocêntricos como parâmetro.
O evangélico não praticante possivelmente ama louvores da moda. Vibra com cantores gospel que tocam na rádio. Pois, por ser biblicamente analfabeto, não consegue enxergar a superficialidade e até os erros teológicos contidos nas letras. Se você critica o que o gospel business produz, o evangélico não praticante repete aquele argumento bobinho que ouviu do pastor da televisão que não quer ser criticado porque inventa heresias da prosperidade para ganhar dinheiro e comprar o seu jatinho: “Ah, eu acho que quem critica é porque não sabe fazer melhor”, ou “Ah, eu acho que o crítico é um invejoso do sucesso dos outros”. Ou ainda: “Ah, eu acho que o critico é um enrustido”.
O evangélico não praticante não tolera que você questione a presença de artistas gospel em programas de TV seculares ou que você diga que aquele pastor famosão que fica plantando tags no twitter e tem milhares de fãs está dizendo heresias. Afinal…ele é famosão! Defende a Igreja! Aparece no Jornal Nacional! Tem o sobrenome dos cantores gospel da moda! Como alguém assim poderia estar errado??? “Ah, não acho não…”. O evangélico não praticante é tão limitado em seu discernimento espiritual que não percebe que fazer eventos gigantescos não avança a causa de Cristo. Que o Evangelho é pregado muito mais eficientemente no boca a boca do que com um plim-plim no meio. “Afinal, temos que pregar a tempo e fora de tempo!”, brada sem entender as verdadeiras razões que levaram aqueles artistas gospel ao palco. Ele REALMENTE acredita que a nação toda se converterá porque a cantora gospel da moda foi a um programa de TV da Globo ou ao Raul Gil. “Ô glória, uhuuuuuuuuuuuu!!!! Hooooooooooo!!!”, brada exultante com a cantora que faz o povo ímpio balançar as mãos do mesmo modo que um cantor de pagode faria – e com dançarinas seminuas atrás.
O evangélico não praticante ora pouco. Ora sempre antes das refeições porque, ora bolas, é o que um evangélico faz! Mas não tira momentos para Deus. Não abre mão do seu programa de TV favorito para dedicar 15 minutos ao Pai. Para isso servem os cultos, não é? Se jejua não sabe explicar muito bem por que devemos jejuar, mas afinal o pastor disse que era para jejuar e os irmãos da igreja jejuam, então ele acha que jejuando fará parte da galera. Mas não sabe explicar a mecânica ou a teologia por trás do jejum. O evangélico não praticante acha que estudar teologia é besteira, o importante é amar! “Ah, eu sou de Cristooooo!”, estufa o peito.
O evangélico não praticante um dia morrerá e não irá para o Céu. E só de eu falar isso ele já se irou e pensou “quem é você para julgar os outros???”. Pois o evangélico não praticante acha que qualquer coisa que que contraria sua fé popular é “julgamento”. Mas eu digo isso por uma simples e óbvia razão: o evangélico não praticante… não pratica o Evangelho.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fé e Sinais


Algo evidente, e por demais evidente no evangelicalismo atual, são os sinais, ou melhor, a necessidade deles para se crer, para se ter fé. O pragmatismo tem-se difundido tanto em nosso meio que tudo o que não se pode ver, tocar, apropriar-se e exibir não funciona, logo deve ser descartado. Vivemos a época em que o material dita o espiritual, de tal forma que a vida neste mundo tem de ser uma prévia do sucesso a ser alcançado na eternidade. O imediato vira infinito; o temporal, eterno; o carnal, espiritual; assim como a dúvida se torna certeza; a tolice, sabedoria; o não-bíblico ganha contornos bíblicos, nem que seja na marra! Porém, fica a pergunta: isso é o Evangelho ou não passa de uma distorção do Evangelho, o contra-evangelho? A mensagem cristã travestida, corrompida, distorcida e rotulada pela mente humanista e seus valores decaídos?
Um rápido “passeio” pelas igrejas e ficará evidenciado o culto utilitarista; cuja motivação está fincada, estabelecida, nas ações, ou melhor, na eficácia delas, no sentido prático em que a fé resultará em benefícios objetivos, em ações visíveis pelas quais se conhecerá a verdade. Em outras palavras, a verdade é conhecida somente se for útil naquele momento ao indivíduo; a verdade somente pode ser conhecida pela experiência, sem a qual, não há o menor sentido [empirismo]. A coisa funciona mais ou menos assim: o indivíduo vai à igreja para buscar duas coisas: a primeira, que Deus satisfaça os seus desejos; a segunda, que seja rápido em satisfazê-los. O seu valor supremo resume-se na capacidade de Deus suprir e proporcionar prazer ao homem, e de evitar que ele sofra. Sempre tendo como ponto de partida a fé do homem, aquela em que o vitorioso a exibirá como um troféu, uma medalha pendurada no pescoço, a refletir os seus feitos. Nada a ver com a fé que nos foi entregue por Deus [Ef 2.8], e que foi uma vez dada aos santos [Jd 3].
Mas, o que vem a ser fé?
Segundo o Priberam: (latim fides, -ei) s. f. 1. Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro. 2. Fidelidade 3. Prova. 4. Crença.
Segundo o Michaelis: sf (lat fide) 1 Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologais. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança.
E, segundo a Bíblia? “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” [Hb 11.1].
As três definições não parecem harmônicas entre si? Paulo não está, de certa forma, corroborando a definição semântica que os lingüistas atribuem à palavra fé? E de que ela tem um valor pragmático-utilitarista? Implicando na legitimidade dos cultos e da vida cristã praticados atualmente pelos evangélicos? Será? O mesmo Paulo diz: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” [2Co 4.18]. E agora, o que lhe parece? Ele continua: “(Porque andamos por fé, e não por vista)” [2Co 5.7].
A questão é que muitos usam “e a prova das coisas que se não vêem” como a necessidade da fé produzir resultados, de tal forma que se eles não aparecem, não há fé. Mas, o que Paulo está a dizer é: a fé é a prova das coisas que não se vêem, porque andamos pela fé, não por vista. A fé é a prova, o testemunho da vida cristã, e a vida cristã é a prova da nossa fé; porque “todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as, abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra… em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” [Hb 11.13; Rm 8.24-25].
Pois bem, o ponto é: tenho fé para ver, ou tenho fé para não ver? Se não ver, não tenho fé, ou mesmo não vendo, mantenho intacta a minha fé? Há uma velha onda que diz: posso tudo naquele que me fortalece, distorcendo a mensagem bíblica a fim de atender aos interesses escusos do coração. Com isso, querem dizer que, se tenho fé suficiente, posso tudo [e há de se definir o que venha a ser fé suficiente; e muitos dirão que ela será suficiente dependendo daquilo que se quer e se alcança, ou seja, o tamanho do objeto e consegui-lo é que definirá o tamanho da fé]. Mas vejamos o verso em que se baseiam: “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” [Fp 4.13]. Parece uma carta-branca dada por Deus para se ter o que quiser. Bastando escrever o que mais for aprazível, agradável. Porém, o que nos fala Paulo um pouco antes? “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade… todavia fizestes bem, em tomar parte na minha aflição” [Fp 4.12, 14]. Alguém se candidata a subir no púlpito e defender que posso todas as coisas em Cristo, mesmo que seja na fome e a padecer necessidade? Ou a estar abatido? Ou a participar da aflição alheia? Se pode-se todas as coisas, elas não estarão restritas apenas ao que se considera benéfico dentro do padrão humano. Riqueza, posses, poder… a solução de todos os problemas imediáticos [1] não são os únicos itens abarcados por “todas as coisas”, mas também o sofrimento, a tristeza, a dor, a injustiça, a pobreza e tantos outros males. Paulo afirma claramente que Deus o sustentará em todas as situações, e de que ele viverá a fé cristã mesmo nas vissicitudes e reveses da vida.
Mais do que isso, ele chega a se gloriar em suas fraquezas, porque o poder de Deus se aperfeiçoa nela, a fim de que habite nele o poder de Cristo [2Co 12.9]. O que para muitos é sinal de fracasso, para Paulo é êxito, e assim deve ser para nós também. Devemos banir de nossas mentes o falso ensino de que a fé está atrelada ao sucesso, à riqueza, à cura, à prosperidade. Com isso, não quero dizer que pessoas de sucesso, ricas, saudáveis e prósperas não têm fé; mas de que o padrão bíblico de fé está muito além daquilo que temos, tocamos ou somos. Ele está no próprio Deus, o qual nos capacita a ter a fé verdadeira; não uma crença tola; não uma certeza no que é tangível apenas; não em reverter materialmente, numa contrapartida, o que cremos. Isso faz de Deus um negociante, e da fé uma mercadoria. Ao contrário, a fé sempre será uma relação de confiança em Deus por intermédio de Cristo, mas, sobretudo, uma relação de dependência, de submissão, de reverência, de temor a Deus; de reconhecimento da nossa frágil condição, de nossa miserabilidade e pecaminosidade diante dEle, o Deus santo e perfeito; da necessidade da sua graça e misericórdia, sem a qual sequer viveríamos, mas seríamos consumidos [Lm 3.22].
Portanto, não estou falando da fé como um conjunto de crenças; nem no assentimento intelectual puramente, como uma idéia ou conceito decorrente do estudo ou cultura; nem como a possibilidade do conhecimento divino a partir de evidências ou experiências emocionais e místicas; muito menos como a causa de resultados, ainda que proveitosos. A fé bíblica é a única capaz de fazer com que o homem reconheça o testemunho de Deus através das Escrituras, como o auto-testamento divino; nas certezas que somente podem ser vistas e entendidas por aqueles a quem Deus abrir os olhos para verem, e os ouvidos para ouvirem, e a dar-lhes entendimento para que creiam, se convertam e sejam salvos [Jo 12.40]. A fé é autenticada pelo próprio Deus, reveladas pelo seu Espírito, que no-la-deu para que pudéssemos conhecer o que nos é entregue gratuitamente por Ele [1Co 2.10-13]. Logo Cristo é o autor e consumador da nossa fé [Hb 12.2].
Alguém pode dizer: Precisamos dos sinais para crer, assim como Cristo deu sinais para que o povo cresse. Sim. Isso é verdade, o Senhor fez muitos sinais para que acreditassem ser ele o Cristo; “porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” [Jo 20.31]. Sem que houvesse sinais, o Evangelho não seria escrito. Sem o Evangelho, como crer? Sem a palavra, seria possível conhecer a Deus e ter vida? Há de se entender que a nossa dispensação é outra. Não mais Deus fala diretamente com o povo através dos profetas. Nem os milagres são necessários para que creiamos. O Espírito é que nos ensina, instrui e convence a partir do que está escrito: a Bíblia; porque “nós temos a mente de Cristo” [1Co 2.16]. Nada mais é preciso, ainda que Deus esteja agindo, curando, santificando, salvando, segundo a sua providência, como sempre agiu na história, governando o universo. Precisamos da Palavra, do Espírito e da mente de Cristo. Mais nada, para que a nossa fé seja autêntica.
Após a ressurreição, Cristo apareceu aos apóstolos, menos um, Tomé. Diante do relato dos demais, que viram o Senhor, ele proferiu: “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei” [Jo 20.25]. Novamente, o Senhor encontrou os seus, e Tomé estava entre eles. Cristo lhe disse: “Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé, respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” [Jo 20.27-29]. Esse relato não está na Bíblia atoa, mas para que creiamos, mesmo sem os sinais, mesmo sem os milagres estrepitosos; por que a nossa própria vida já é um milagre, ainda mais se significar a eternidade ao lado do nosso Senhor. Mas nada disso acontecerá se não formos resgatados das trevas pelo seu poder.
Cristo fez inúmeros milagres, tais como ninguém mais fez e viu, mesmo assim eles foram insuficientes para salvar uma multidão de incrédulos. Mesmo vendo-os, seus corações permaneceram duros, inflexíveis, diante de tão gloriosa salvação. Por que? Primeiro, os milagres não salvam. Segundo, os milagres não nos faz crer em Cristo. Terceiro, os milagres tornam-nos inescusáveis diante de Deus. Quarto, em muitos casos, o homem busca neles a sua glória, não a de Deus. Como Paulo escreveu: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” [1Co 1.22-23].
De nada adiantam os milagres e o conhecimento, sem fé. Da mesma forma, de nada adianta pregar a Cristo crucificado, sem fé. Pois ele continuará indignando os que pedem milagres e os vêem mas não foram regenerados; e continuará insensato e extravagante para os que buscam conhecimento sem serem regenerados. Porém, aos que foram, bastará a pregação do Evangelho para, crendo, mesmo não vendo, amar o Senhor, “alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas” [1Pe 1.9].

Falsa Iluminação Espiritual




Essas convicções que os homens naturais podem ter acerca do seu pecado e miséria não é esta luz espiritual e divina. Os homens em condição natural podem ter convicções da culpa que está sobre eles, da ira de Deus e do perigo da vingança divina. Tais convicções são provenientes da luz da verdade. O fato de alguns pecadores terem uma maior convicção da culpa e miséria que outros é porque alguns têm mais luz ou compreensão da verdade que outros. Esta luz e convicção podem ser do Espírito de Deus.
O Espírito convence os homens do pecado, mas, não obstante, a natureza está muito mais envolvida nesse processo do que na comunicação da luz espiritual e divina que são mencionadas na doutrina. Somente através do Espírito de Deus como princípio natural auxiliar, e não como novo princípio inspirador. A graça comum difere da especial no ponto em que influencia só pela ajuda da natureza, e não pela doação da graça ou concessão de qualquer coisa acima da natureza.
A luz que é obtida é completamente natural, ou de nenhum tipo superior a que a mera natureza atinge, por mais que esse modo seja ou seria obtido se os homens permanecessem completamente sozinhos; ou, em outras palavras, a graça comum só ajuda as faculdades da alma a fazer isso mais completamente do que fazem por natureza, assim como pela mera natureza a consciência ou a razão natural tornará o homem sensível da culpa, e o acusará e o condenará quando ele se desviar. A consciência é um princípio natural para os homens. O trabalho que o faz naturalmente ou por si mesmo é dar uma compreensão do certo e do errado, e sugerir à mente a relação em que há entre o certo e o errado e o castigo.
O Espírito de Deus, nessas convicções que os homens não-regenerados às vezes têm, ajudam a consciência a fazer esta obra em maior medida do se a fizessem sós. Ele ajuda a consciência contra as coisas que tendem a entorpecer e obstruir seu exercício. Mas na obra renovadora e santificadora do Espírito Santo, essas coisas são feitas na alma que está acima da natureza, e na qual não há nada por natureza do tipo igual. Essas coisas são compelidas a existir habitualmente na alma, e de acordo com tal constituição ou lei declarada que põe tal fundamento para o exercício em um curso continuado como é chamado de princípio de natureza. Não só os princípios permanentes são ajudados a fazer o seu trabalho de forma mais livre e completa, mas os princípios que foram totalmente destruídos pela queda são restabelecidos. A partir daí, a mente manifesta habitualmente esses atos que o domínio do pecado a tinha tornado tão completamente desprovida quanto um corpo morto o é de atos vitais.
O Espírito de Deus age em alguns casos de maneira muito diferente de como age em outros. Ele pode agir na mente do homem natural, mas age na mente do santo como princípio vital residente. Ele age na mente dos indivíduos não-regenerados como agente ocasional extrínseco, pois agindo neles, não se une a eles. Não obstante todas as influências divinas que eles possuam, ainda são sensuais “e não têm o Espírito” (Jd 19). Mas Ele se une com a mente de um santo, toma-o por seu templo, atua nele e o influencia como novo princípio sobrenatural de vida e ação. Há esta diferença, de que o Espírito de Deus, agindo na alma do homem piedoso, manifesta-se e comunica-se na sua natureza formal. A santidade é a natureza formal do Espírito de Deus.
O Espírito Santo opera na mente do santo, unindo-se a ele, vivendo nele, manifestando sua natureza no exercício de suas faculdades. O Espírito de Deus pode agir numa criatura, e, contudo, não se comunicar agindo. O Espírito de Deus pode agir nas criaturas inanímadas como “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” no princípio da criação. Assim, o Espírito de Deus pode agir na mente dos homens de muitas maneiras e se comunicar não mais do que quando Ele age em uma criatura inanimada. Por exemplo, Ele pode instigar-lhes pensamentos, ajudar a razão e o entendimento natural, ou auxiliar outros princípios naturais — e isto sem qualquer união com a alma —, mas pode agir, por assim dizer, em um objeto externo. Mas assim como Ele age em suas influências santas e operações espirituais, Ele age de certo modo a comunicar-se peculiarmente, de forma que, por isso, o assunto é denominado espiritual.

Quando Deus parece não ouvir...


Nem sempre Deus parece ouvir-nos as orações; mas, ainda assim, requer-se constância e perseverança no exercício da oração...

Pois se afinal nem mesmo depois de longa espera nosso senso perceba que beneficio se obteve pela oração, nem que sinta daí qualquer fruto, entretanto, nossa fé nos assegurará daquilo que não poderá ser percebido pela sensibilidade, a saber, que obtivemos o que era conveniente, quando, tantas vezes e com tanta certeza o Senhor promete que nossas preocupações haverão de ser por ele atendidas, desde que sejam depositadas em seu seio. E assim ele fará com que na pobreza possuamos abundância, na aflição tenhamos consolação.
Ora, ainda que todas as coisas falhem, contudo, Deus nunca nos haverá de desamparar, o qual não pode frustrar a expectação e a paciência dos seus. Somente ele nos servirá mais que todos, pois ele contém em si mesmo tudo quanto existe, e que finalmente nos haverá de revelar tudo isso no Dia do Juízo, quando abertamente manifestará seu reino.
Acrescento ainda que, mesmo quando Deus nos atenda aos rogos, contudo, nem sempre ele responde conforme a expressa fórmula do pedido; ao contrário, mantendo-nos como que suspensos, no entanto de modo não previsto mostra que nossas orações não foram vãs. Isto significam estas palavras de João: “E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” [1Jo 5.15]. Isto parece mera superfluidade de palavras, mas de fato é uma declaração muitíssimo útil, porque Deus, ainda quando não atenda ao desejo, no entanto é favorável e propício a nossas orações, de sorte que nunca nos frustra a esperança arrimada em sua Palavra. Com esta paciência, porém, os fiéis têm necessidade de ser sustentados até este ponto, porque não haveriam de estar firmes por longo tempo a não ser que nela se reclinassem.
Pois o Senhor não prova os seus com experiências leves, nem os exercita frouxamente; pelo contrário, freqüentemente os impele até a extremos; e assim impelidos, os deixa chafurdar-se nesse lodaçal por longo tempo, antes que lhes proporcione algum gosto de seu dulçor. E, como diz Ana: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e conduz de volta” [1Sm 2.6].
O que lhes ficaria ao ver-se afligidos desta maneira, senão perder o ânimo, desfalecer e cair no desespero, a não ser que, quando se encontram assim afligidos, desconsolados e semimortos, os console e os ponha de pé a consolação de que Deus tem seus olhos postos neles, e que, por fim, triunfarão de todos os males que presentemente padecem e sofrem?309 Não obstante, seja como for que se postem na certeza desta esperança, enquanto isso não deixam de orar, porquanto, a não ser que a constância de perseverar assista à oração, nada conseguimos com a oração.